quarta-feira, 30 de março de 2011

Year's Best SF 11

ou... Eu Odeio Pós-Humanos.

Dados:
Organizadores: David G. Hartwell e Kathryn Cramer
Editora: EOS -- Páginas: 497 -- Ano: 2006

Eu só li 3 destes Year's Best SF até agora. Esse 11 (contos de 2005), o 9 (2003) e o 13 (2007). Se querem ler um, dentre os três, comecem pelo nº 9. Tem até uma capa mais bonita. (ou comecem por algum outro que eu não li ainda, mas não o 11... bem... isso se você tiver o mesmo gosto que eu, o que não sabemos).

Falando do livro, eu compro esses YBSF de vez em quando para variar um pouco de contos dos anos 50 e escritores das antigas. Prefiro FC da Era de Ouro, mas tem coisa nova muito boa também. E é legal ler coisas que envolvam os conhecimentos que temos (ou imaginamos ter) de hoje, e não só coisas da época que achavam que Vênus tinha pântanos.

O nº 9 e o 13 tiveram coisas bem interessantes. Lembro de duas marcantes. Um conto curto do Hadelman (de Guerra Eterna) sobre imortais que resolvem viver no corpo de bebês e outro que nem chegava muito a ser FC de tão próxima da nossa realidade que está, envolvendo um garoto em um navio de cruzeiro atacado por piratas na costa africana.

Já essa edição 11... 2005 foi um ano infeliz para FC pelo jeito.
A edição é permeada de contos curtíssimos (alguns com idéias que talvez dessem para alimentar séries longas, como os computadores que fugiram da Terra após uma tal 'Guerra dos 100 Minutos'), mas boa parte deles serve só para cumprir a cota de ler algo antes de dormir ou no ônibus. Quem quiser ler contos curtos de qualidade, procure por Fredric Brown.

Os contos: acho que a maioria envolveu pós-humanidade ou IA. E eu não consigo me identificar muito com personagens assim. Pessoal pelo jeito estava com isso demais na cabeça no ano. Ou quem fez a seleção é que cismou com o assunto e não foi bem criterioso.

Vou agora folhear o livro e comentar sobre o que é cada história dele. Decida se é interessante para comprar ou não. Cada frase, um conto. A maioria na ordem que eu li.

A consciência de mortos são carregadas para computadores para servir como IA de software. -- Crianças que nascem com poderes divinos. -- Há duas histórias do ponto de vista de ratos (numa são ratos inteligentes, legalzinha; em outra ratos comuns). -- Uma droga que destrói a noção de identidade da pessoa.-- Outra de mente carregada em computador, dessa vez para fins militares.-- A evangelização de um fungo (interessante, uma das melhores). -- Um programa espacial caribenho. -- Algo que parece a narração introdutória de um documentário no Discovery sobre um futuro onde a natureza foi domada (mas sem o tal "documentário" na sequência). -- Uma mulher que gosta de quadros de um pintor é ajudada por um ser de outra dimensão a viajar no tempo e dar em cima do cara. -- Uma legalzinha sobre clonagem. -- Um tipo de policial/mercenário espacial precisa resolver uma disputa entre duas colônias rivais em asteróides (ruinzinha, mas é uma das que mais parece FC "tradicional"). -- Geeks resolvem construir uma geeklândia. -- Basicamente a conversa entre duas IAs de ferramentas de busca on-line (essa é até legalzinha, mas que não leva nada a lugar nenhum). -- Um sujeito está apaixonado por um fígado artificial (sim! isso mesmo!). -- Uma artefato alienigena encontrado no fundo do oceano. -- Uma batalha entre duas naves, uma com fins cientificos que foi investigar o que os computadores fugidos da Terra estão aprontando e outra com religiosos fundamentalistas (OBS: essa é a história em que eu senti potencial para algo maior). -- Uma história sobre viagem no tempo e o livre arbítrio. -- Um crítica robótica sobre contos de um escritor robô. -- Uma história passada no que parece ser uma tipo de mundo virtual, envolvendo gente morta e cachorros falantes.

/parada brusca/

No meio dessa história eu já não aguentava mais tanta idéia maluca em contos ruins num mesmo bolo... E olha que eu já tinha começado a ler meses antes e parei porque estava cansando. Parei de novo e fui ler Uma Princesa de Marte. Nada como uma boa história antiga, simples e inocente, para limpar o cérebro de tanta "mudernidade".

/continuando/

A redescoberta de uma antiga colônia humana sobre algo que lembra uma esfera Dyson (obs: este conto pertence ao universo Xelee, do Baxter, mas o conto em si não foi grande coisa) [mas a chamada Xelee Sequence é algo que está em meus planos; comprei o Vacuum Diagrams só de contos neste universo, se gostar, compro tudo do assunto depois. Eu gosto de histórias que atravessam séculos, milênios ou mesmo eras (Fundação, Duna, etc).] --  Soldados numa missão de busca à colonos que se recusaram a deixar um planeta no meio de uma guerra espacial. -- Uma missão de exploração e primeiro contato numa Terra desolada num universo paralelo. -- Um ser que parece humano precisa realizar tarefas para outros seres que parecem demônios (história sem pé nem cabeça que finge que é FC só por ter usado a expressão "universo paralelo" no meio; e claro, envolve pós-humanos, a pior de todas). -- Detetives pós-humanos (um deles pareceu ser um cachorro falante... de novo!) investigam a recriação física de deuses gregos. -- Uma divertida história (putz! a melhor do livro, finalmente algo bom, chama-se Oxygen Rising, podem ler) sobre um sujeito de uma espécia de Corpo de Paz que precisa ajudar a evacuação de humanos que perderam o combate ao tentar colonizar um planeta já colonizado, e acaba se envolvendo com uma das militares. Destaque especial para a Igreja de Elvis. -- Cientistas recriam grandes figuras mitológica do passado (outro tema que insistiram nesta coletânea, recriação de 'deuses' ou gente com poderem divinos). -- Um cargueiro pega o caminho errado através dos stargates que eles usam para viajar e vai parar numa estação bem mais longe do que gostaria (uma boa história, algumas coisas confusas, mas um final legal). -- Um crislâmico do futuro tenta vender uma antiga revista de ficção-científica numa feira. -- Uma mulher-sapo (pós-humana?) é babá de uma criança de passado misterioso num mundo onde os governantes têm poderes divinos (de novo... e de novo... pós-humanos e poderes divinos...). -- E terminando o livro, um policial precisa encontrar a filha fugida num mundo que parece um meio termo entre o universo limpo de Eu, Robô e o opressivo de 1984 (gostei, mas o final foi meio fraco).

Numa resenha futura destas antologias, talvez eu ordene os contos por ordem de tamanho. Assim vocês ficam sabendo se a frase que vocês gostaram é de um conto de 30 páginas ou menos de 3. E talvez dê os nomes (rs!), mas não valia o esforço. Há tantas coletâneas de BEST SF feitas por tanta gente, que a minha recomendação é: pule essa. Compre outro desta série. Compre uma das coletâneas do Dozois. Ou Fast Foward. Ou alguma antiga do Asimov. Ou dê incentivo aos escritores nacionais e comprem as Imaginários, algumas Scarium, ou outras coletâneas nacionais; os últimos anos têm sido ótimos para FC brazuca, as editoras Draco e a Devir estão com bastante coisa legal. Mas só compre a Year's Best SF 11 se você quiser a coleção completa, do 1 ao 16 (até o momento). Ou se vários dos microrresumos acima realmente te interessaram... Tem louco pra tudo.

Já eu, agora vou terminar de ler Conan (ficaram faltando 2 contos) antes que lancem o filme com o Ronon Dex. De repente machados, moçoilas semi-nuas e morcegos gigantes me façam esquecer desta porra.

Leituras adicionais:
Review do mesmo livro, em ingês: The Lensman's Children
(rápidos comentários conto por conto, mas com seus nomes e dos escritores)
Selo Pulsar da Devir: títulos e próximos lançamentos

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