quinta-feira, 5 de maio de 2011

Zomblogs (e outros livros de zumbi)

Miôôôôôôôôloooo!!!!

Muito bom. Adoro zumbis. Vampiro e Lobisomem hoje em dia ficam fazendo charme, brilham no sol e tudo. [bons tempos em que ao sol... vampiro... MORRIA!]. Zumbi não tem disso. História de zumbi (quase) nunca tem zumbi como protagonista (divertida exceção é o zumbi apaixonado: em inglês e traduzido). É a história de gente que se fudeu, num mundo fudido, e que só vai se fuder mais. OK, cedo ou tarde melhora (as vezes), mas não é fácil. Zumbis não são vilões, são, digamos, praticamente uma força da natureza. Não cansam, não desistem e não fazem acordos! Ok... e também não pensam! Ninguém é perfeito. Mas faz parte da graça.

Zomblog e Zomblog II (Zomblog III lança em Agosto/2011), de T.W. Brown. (250 pp o primeiro, 180 o segundo, ambos de 2010) foram boas aquisições no estilo.

Zumbis são algo que eu sempre achara absurdo ser em livro... Pô, qual a graça de um zumbi se você não VÊ a maquiagem nem o sangue espirrando? Não achava que fosse possível ter suspense ou prender a atenção LENDO sobre eles.

Aí esbarrei no Day By Day Armageddon (DBD de agora em diante), de J.L. Bourne... Não lembro mais como o conheci. Possivelmente indicação da Amazon. O livro é em forma de diário. Algo que é uma tática *barata*, vamos dizer assim, mas prende a atenção. Não é bem a mesma coisa, mas tenho boas lembranças do O Estorvo do Chico Buarque .... Então resovi pagar pra ver (cono e denotativamente). E achei bom... MUITO bom! Tomei gosto e parti para o World War Z (WWZ), de Max Brooks. Um dos melhores livros que já li. E notem a falta do "de zumbi" no final da frase. Achei tão bom, que só então fui ler o The Zombie Survival Guide lançado 3 anos antes pelo mesmo escritor (ele é filho do Mel Brooks). Diga-se de passagem, até recomendo ler os dois nesta mesma ordem. O mal do segundo (que foi o primeiro a ser lançado) é que ele se leva um pouco a sério demais. E tem toda uma explicação sobre o vírus que causa os zumbis... Cheguei a pensar que o livro era derivado de alguma outro livro - e estava explicando os zumbis daquele universo em particular. Diverte, mas é meio repetitivo.

O WWZ não sofre deste mal, ele é escrito em forma de entrevistas pelo globo com os sobreviventes do "apocalipse zumbi". Vai desde farmacêuticos que enriqueceram com falsos remédios, cegos, crianças traumatizadas que passaram anos sozinhas e fugindo, militares (de vários exércitos diferentes) e, claro, muitos civis, nas mais diversas situações ferradas ou atividades. As histórias são ordenadas cronologicamente, as primeiras sobre os momentos iniciais da infecção, quando a galera ainda não percebia a merda em que estavam se afundando; depois vemos o mundo naquele estágio Zumbilândia; e depois histórias sobre a reconstrução.

Atenção: ambos já traduzidos para português pela Rocco: Guerra Mundial Z e O Guia de Sobrevivência a Zumbis. [só não gostei muito das capas nacionais] Importante: achei a sinopse do WWZ no site da Rocco bizarra... Fique tranquilo, você pode ler em paz, curtindo os zumbis, sem achar que o livro é um tratado sobre política internacional.

Os Zomblogs (ZB) são bem estilo o DBD. Seguem o esquema de diário. Mas ao contrário do WWZ em que a história vai do começo da desgraça até o mundo "pós-guerra", se recuperando e tudo. Ou mesmo do DBD, em que a história... hummm... não é a melhor palavra, espero que entendam ao ler... "evolui", no ZB o que vimos é como um diário de uma vida normal na desgraça.

No DBD o cara (um militar que desertou quando a desgraça começou) vai se arranjando e termina o primeiro livro relativamente protegido. No segundo ele consegue contato com o que sobrou da Marinha (na verdade, acho que foi só um navio e um submarino) - este já é um pouco mais repetitivo, mas a história é corrida e se passa num intervalo de tempo menor, então continua bom. E no 3º ele estará em outro país, pesquisando a possível origem da infecção (há uma reviravolta no final do 2º livro, que desagradou um pouco os fãs, mas não sabemos ainda se impactará a história ou se será só um detalhe curioso).

Os ZB não parecem ter um grande arco planejado (não que o cara do DBD tenha feito isso... sei lá se fez ou não). A história simplesmente vai. As desgraças acontecem. Pessoal encontra outro pessoal. Personagens morrem. A história de repente muda de rumo porque coisas não planejadas acontecem (o famoso shit happens!). Depois volta +/- ao normal porque uma hora termina. Ou não. Não sei bem agora explicar. Também não posso falar muito para não estragar nada. A história do ZB também é um pouco mais realista em alguns aspectos. No DBD2 até dá a impressão de que exista um tipo de Dharma rolando por trás... No ZB, se muito, alguém capta uma transmissões de rádio de outros sobreviventes e os encontram aqui e ali.

Nos Zomblog o cara poderia manter a história indefinidamente. Você apenas vai seguindo o dia a dia do protagonista e pronto. Claro, o autor nos poupa do personagem ficar escrevendo sobre miudezas e fofocas no acampamento... É um livro de terror em volta de zumbis, e não o twitter. A história gira em torno dos nossos queridos desmortos e do mundo escrotizado que os acompanha, e o diário é mantido justamente como um registro que talvez seja de interesse de algum futuro leitor, e não um mero passatempo. Em mais de uma parte do livro o diário é emprestado para ser lido por outros, e até copiado para registro histórico.

O segundo livro abrange 1 ano. Mas quantos anos uma infecção zumbi pode durar? E quem garante que no proximo livro a história não se passe toda em 2 meses? Tenho a impressao de que Zomblog será uma longa série! Ao invés das coisas se resolverem como no WWZ, aqui não há luz no fim do túnel. E o pior, as pilhas a acabaram e há zumbis lá dentro.

Na verdade, na metade final do 2º livro quase não há zumbis. Não no universo do livro, claro, eles apenas foram um pouco menos o foco. Zumbis ainda são uma grande ameaça, mas se não vierem em um grande rebanho, pessoal já tem se acostumado a desviar deles. Talvez em algum momento eles ressurjam em peso, como numa das principais sequencias do 2º DBD. (lembram da cena final de um episódio de Dia das Bruxas dos Simpsons onde ele resolve fazer clones dele mesmo e todos vão correndo atrás de uma rosquinha gigante? É por aí. Só que zumbis não correm).

Ah, bem lembrado disso de zumbi não correr.
Em todos os livros mencionados acima, são zumbis Romero Classic! Nada deles terem algum tipo de noção ou correrem. Não. Eles se arrastam, mordem, e gemem. No DBD alguns até andam um pouco mais rápido, mas há uma explicação: radiação!
De fato, depois do DBD eu passei a achar uma idéia pior ainda nukar zumbis... Muitos serão vaporizados. Mas e os que não? Morrer de cancer eles não vão... E se havia alguma chance das bactérias os comerem aos poucos... bem... "frutas irradiadas" duram mais! :-)

Meu único porém sobre o livro é a capa do segundo, não gostei. Mas gostei de não haver subtítulos trash. Nada de "Zomblog: Rise of Undead Country" ou "Zomblog Squad: The Necro-Army"...

É Zomblog, Zomblog II, Zomblog III... Simples e eficiente. Como tudo deveria ser. [e como esse post está não-sendo. Longo e repetitivo. Mas estou ficando sem idéias, então está perto do fim.]

Quem quiser ler, já saiba que o 1º ZB termina num gancho que te "força" a ler o segundo. Ok, você pode não querer ler, mas você será meio que largado no ar. Já o segundo, se você cansar, pelo menos o gancho não é nada brutal. É aquela coisa de "vou me recuperar dos meus machucados e pegar a estrada". Então você pode simplesmente imaginar um "e viveram felizes para sempre" e pronto. Ou você pode, como eu, torcer por zumbis... muitos zumbis!

A verdade é que zumbis não permitem uma grande gama narrativa. Cedo ou tarde tudo fica parecido. E no atual momento, já li 4 livros-diários de apocalipse zumbi (é até perfeitamente possível imaginar que os 4 se passando no mesmo universo) com um 5º na fila (The Zombie-Wilson Diaries, uma espécia de O Náufrago, do Tom Hanks, mas a Bola-Wilson é uma garota zumbi) e um 6º e 7º, contando com DBD 3 e ZB 3. De repente é torcer para DBD e ZB durarem muitos livros e me manter fiel só a essas duas séries. [ATUALIZAÇÃO 27/OUT: o terceiro livro se chama Zomblog: The Final Entry. Pô, preocupante isso... Já vai acabar? Tão cedo? É torcer para o título ser só uma pegadinha...] Mas... Como eu disse, eu gosto desse esquema diário. Se você não se incomoda de variar um pouco de leituras mais complicadas e criativas e a cada 6 meses dar uma descansada de 1 semana lendo gente correndo de comedores de miolos e gangs à lá Mad Max... Vai nessa, que eu garanto.

Se você nunca leu nada de zumbis, não sei se seria melhor começar por esse, no esquema "devagar e sempre", aparentemente sem um arco, ou no DBD, mais corrido e aparentemente com um fim no futuro. Sendo que o DBD tem o problema de que o escritor é militar de linha. Ele não pode parar o tempo todo para escrever (isso se não tomar um teco entre os olhos e cair duro), ao contrário deste que no final do 2º já informa a data de lançamento do terceiro. Achei o DBD melhor, mas pode ser o Efeito Primeiro-Sutiã... [nunca que esse comercial passaria na TV hoje em dia... seria taxado de pedofilia!] Talvez se tivesse começado por esses achasse que o DBD é que já é mais do mesmo, não o inverso. (mas em defesa dele, ele foi escrito bem antes!). Se bem que voces nao terão que esperar quase 1 ano entre cada livro como eu fiz.

E claro, o WWZ é sempre uma excelente pedida. Mas não foi o primeiro que eu li, não sei se começar logo pelo melhor servirá para te fazer adorar o gênero, ou deixar suas expectativas muito altas. (coisa que eu estou fazendo... então cuidado. Também não vão reclamar depois achando que eu enchi demais a bola dele. Lembrando que o WWZ nem tem como foco gente correndo de zumbi o tempo todo, como o ZB e o DBD).

E é isso... Pensei em comentar também sobre o The World is Dead, mas este eu estou para ler a continuação, deixo para comentá-lo junto do segundo. Este é de contos soltos, não é nem estilo diário (ZB e DBD) e nem narrativas interligadas (WWZ).
Outros que estou para ler são o Headshot Quartet, com 4 contos longos, no universo de livros The Undead (resolvi ler os contos, se gostar, leio os livros anteriores) e o White Flag of the Dead, que será minha primeira experiência com uma história linear de zumbis - nada de contos, diários, nem entrevistas.



E a medida que o post ia terminando, eu fiquei naquela de "pô, tenho que mencionar Protocolo Bluehand em algum lugar...". Não é livro, mas sabe-se lá quando farei outro post sobre zumbis... Mas não pensei nada para falar sobre ele. Vou só aproveitar e linkar o nerdcast sobre o assunto e outro podcast que conheci recentemente. Divirtam-se.

Nerdcast 106: Mioooolos!!!
WeRgeeks Podcast 33: Vaselina of the DEAD!  (OBS: sou ouvinte do Nerdcast e do Rapaduracast, então o estilo deste foi inédito para mim:  todos juntos e muita bagunça, mas segurei as pontas antes de desistir e não me arrependo, já ouçam preparados - e foi graças ao programa que ouvi falar do jogo Plants vs Zombies, que achei absurdamente viciante.)

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