segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Europa Report

Nome original: Europa Report
Duração: 1h29min  --  Ano: 2013  --  Trailer  --  Site Oficial
De: Sebastián Cordero (de Ratos e Rueiros)
Com: Anamaria Marinca (o mais próximo que cheguei de notá-la foi numa ponta de Doctor Who), Michael Nyqvist (de Arn: O Cavaleiro Templário) [bom filme], Daniel Wu (de Tai Chi 0) [putz! vi o trailer desse filme faz muito tempo e depois esqueci de checar se já tinha sido lançado! cliquem no link e vejam o trailer, show de bola!], Embeth Davidtz (de O Homem Bicentenário) [adoro esse filme!], Karolina Wydra (de Rebobine, Por Favor) [gatinha], Sharlto Copley (o ator principal do Distrito 9 e o piloto aloprado do Esquadrão Classe A), Dan Fogler (o gordinho de Fanboys) e Christian Camargo (de algum dos Crepúsculos, mas esse cara entra mudo e sai calado do filme).

Para quem estava sem um filme no estilo para ver desde Lunar... Finalmente um hard SF (uma ficção científica dura, se preferirem) decente. Se vocês gostam do estilo, parem tudo e vejam. Eu espero.
Estava eu no iO9 vendo um link, cliquei em outro parecido, do mesmo autor (acho que autora... não consegui reencontrar a página - droga! - porque agora eu queria finalmente lê-la). Estava lendo o texto e a pessoa falou algo do tipo "... isso posto, deixem-me usar Europa Report como exemplo. Se você não viu o filme, melhor voltar depois." E pronto, como o assunto estava interessante, isso foi o suficiente para me deixar curioso. Vi o trailer que não mostrava nada realmente (isso é bom!) [na verdade, o trailer até te induz numa direção meio errada, que me fez pensar em O Enigma do Horizonte] e cá estou.

Não ia esperar passar no cinema porque...Ah, não vai passar por aqui mesmo. Ainda mais que o filme estreou na internet, oficialmente, e antes! - está no iTunes e num tal de Magnolia On Demand.
Mas é isso, já vi. E vi sem saber nada sobre o filme. Excelente. Algum dia vou radicalizar e só ver filme sem saber nada.

Não tinha noção se o filme seria "todo" zen estilo Lunar, se iria degringolar num estilo Apollo 18, ou se iria mesmo dar uma de Event Horizon.
E não... nada disso. O filme não sofreu do Complexo Sunshine. O filme inteiro é como se fosse 2001 antes do HAL enlouquecer, o Lunar antes da descoberta (e como se ambos não tivessem robôs falantes) ou até mesmo o Alerta Solar antes do "zumbi espacial".

Explicando logo melhor, o filme é totalmente (na medida do possível), realista. Seis astronautas, numa nave, indo visitar Europa, o satélite de Júpiter.
No meio do caminho eles perdem a comunicação e um dos tripulantes, ficam com a séria decisão de continuar com a missão ou voltar - já que dali em diante eles estariam totalmente sós - e resolvem ir em frente. Não teriam como comunicar nada que eventualmente descobrissem, mas tudo bem, eles contam na volta.

A missão: procurar vida nos mares subterrâneos [subgelâneos?] de Europa.

E é isso. Ia escrever que o filme segue o estilo Bruxa de Blair, mas é mentira. Está mais para o Chronicle/Poder sem Limites. Em quase nenhuma cena alguém está falando para a câmera propositalmente. O filme é no esquema "gravações encontradas", mas porque tudo na nave é gravado mesmo. Claro, para não nos perturbar com ângulos esquisitos, a tal nave tem câmeras para tudo que é lado. Então você nem percebe que não tem nenhum cameraman andando ou se mexendo em momento algum - todas as cenas são gravadas de um ponto fixo; exceto quando é a visão da roupa de alguém.
E temos algumas cenas (poucas) com a equipe da Terra, pois o filme é vagamente como se fosse um documentário sobre os rolos que a missão enfrentou. Assumindo, claro, que nada ali fosse classificado como super-secreto e que nunca viria ao público.

O filme segue aquele esquema clássico de já começar no "Deu merda!", aí voltamos no tempo, vemos o princípio de tudo e como era quando tudo era bolinho, aí chegamos no estrume propriamente dito, e continua, mostrando o que aconteceu depois. Com alguns rápidos flashbacks aqui e ali.

Temos bons personagens. Nada muito caricato, mas sim, é a "tripulação ONU", temos um chinês, uma russa, sobrenomes europeus com ar de países diferentes, e uma mulher que tem nome latino e francês de um golpe só; mas, curiosamente, nenhum negro. O politicamente correto deles só foi até um certo ponto. Nada contra, claro, mas irrita quando você tem aquela sensação de que forçaram a barra para agradar a todos (ou não-ofender ninguém, nesse mundo de gente super sensível). [o que me faz lembrar da tripulação da Voyager! ô coisa ridícula tentando ter todas as variedades possíveis e imagináveis de clichês, todos ao mesmo tempo; melhor nem entrar nesse assunto.]

Mas... no mundo real provavelmente seria tanto dinheiro gasto mesmo, que todos os países participantes iriam tentar ter um astronauta deles lá.

Voltando ao assunto. Bem... Voltando ao assunto descubro que não tenho mais nada para dizer. É um filme paradão, mas que te deixa com um bom suspense. Você sabe que dará problema (ou até mesmo, sabe que já deu) e fica esperando para ver como eles acontecerão. Não só isso faz o filme passar rápido, como ele é rápido mesmo, tem 89 minutos - e nem parece que é tão curto.

A história é simples mesmo, é uma missão que teve problemas. Não dá para falar muito. Mas é bom. Bom mesmo! Ignorem o trailer se vocês viram e acharam que seria algum tipo de filme de terror. Até o Omelete chama o filme de 'horror espacial'.

E pensando agora, só consigo pensar em duas reclamações. E só uma delas posso dizer sem dar spoiler.

Eles perderam a comunicação com a Terra. Ok. Mas seria isso mesmo possível?
As Voyagers estão até hoje transmitindo e o rádio delas tem tecnologia de várias décadas. Será que numa nave inteira, peças de alta tecnologia para todos os lados, não teria NADA que alguém pudesse dizer "Ei... se a gente pegar isso, mudar aqui, falar ali e virar na direção da Terra, alguém vai captar!" E o problema nem era tempo: eles ficaram quase 1 ano sem comunicação. [importante: acabei de checar e não é tão simples assim recebermos o sinal da Voyager não. Mas dane-se! eles estão no futuro!]

Agora... Só uma dica. Quem não é nerd não vai entender. E quem é, eu não vou querer estragar o filme justo para meus "colegas de vocação". Mas não posso deixar de citar. Na hora que deu o estalo eu queria ter me virado para uma eventual namorada nerd ao meu lado, sacudido ela pelo ombros e gritado: AHA! Arthur Clarke. 2010. Chineses! [daí ela arregalaria os olhos em reconhecimento, abriria um belo sorriso e diria "Tem razão!"] [e depois ela brigaria comigo, pois depois de terminar o filme já estou aqui faz três horas blogando e lendo sobre ele] Não explica nada para quem não leu o livro, mas a inspiração pareceu bem clara.
Todavia, em nada tira o mérito do filme.

Terminando... Algumas resenhas.
A maioria em inglês, que em bom portuga não achei quase nenhuma ainda.

Europa Report... 
io9... is a space opera that gets it right. [* comentário nerd mais abaixo]
Momentum Saga... é um prato cheio para quem curte uma ficção científica plausível.
Space
: ... is a beautiful and terrifying movie.
Screen Rant: ... does manage to present a pretty good indie movie experience.
(mas foi a resenha que menos gostou. Pô, compara o filme ao Sunshine, justamente o oposto do que eu disse, rs!)
Variety: ... is a reasonably plausible and impressively controlled achievement.

[* = eles estão usando o termo Space Opera de forma errada, hein!]

E agora é torcer para ser lançado em cinema por aqui. Mas se Yamato não foi [estou devendo essa resenha até hoje], Firefly só passou em Mostras e até Scott Pilgrim penou... Todos com muito mais apelo... Um pseudo-documentário científico não deve ter lá grande chance. Com sorte algum distribuidor é enganado pelo trailer e lança achando que é um Atividade Paranormal no Espaço.


ATUALIZAÇÃO EM JUNHO/2014: acabei de descobrir que o filme ganhou um título nacional depois. Putz... É muita ofensa à inteligência alheia (ou preguiça de bolar algo diferente legal). Custava apenas ser "O Relatório Europa"? Mas nããããoooo.... O filme ganhou o detestável nome de "Viagem à Lua de Júpiter". [eu nunca o chamarei assim outra vez, está aqui só para quem procurar por este título no Google]
Putz, seria como chamar o Lunar de "Trabalhando no espaço", Alien, o 8º Passageiro de "Bicho solto na nave espacial" ou, porque não?, 2001, Uma Odisséia no Espaço de "Viagem à Órbita de Júpiter". Muito, muito ruim!

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