domingo, 20 de março de 2011

Uma Princesa de Marte

1911! Cacete, eu li o livro sabendo que era velho, mas achei que era algo lá dos anos 30... Algo ligeiramente pré-Campbell. Mais um pouco e era da época do H.G. Wells. [e na verdade, é. A Máquina do Tempo foi escrita em 1895, mas ele ainda escreveu muita coisa no séc. XX]. Mas vamos lá.

Título original: A Princess of Mars
Autor: Edgar Rice Burroughs
Editora: Aleph  --  Páginas: um pouco menos de 300
Ano livro / história: 2010 (1ª edição) / 1911
Acabamento: muito bom, páginas em tom meio amarelado e capa com alto relevo.

Resumo: após a guerra civil americana, soldado sulista é misteriosamente transportado para Marte, onde primeiro precisa ser aceito por uma tribo de violentes marcianos verdes, e depois lutar para proteger uma princesa feita prisioneira.

O enredo é basicamente a de um homem branco numa tribo indígena, e que depois encontra uma cidade de europeus. Ok, os índios são verdes, tem 3 metros de altura e 4 braços, mas tudo bem. Em Avatar os "índios" são altos e azuis. Os "europeus" são marcianos de qualquer jeito, mas são culturamente mais próximos de nós. Detalhe, eu não consegui imaginar a montaria dos ETs do livro, então aproveitei que eles tinham 6 membros e me lembrei dos "cavalos" do Avatar com 6 pernas. Não deu outra, usei os cavalos de Pandora no lugar dos corretos. Que no começo do livro eu fiquei com a sensação de terem uma aparência meio ave, mas imaginá-los montando "avestruzes" à lá Rango ficou pior.

De ficção-científica... Bem, há menções no livro à tecnologia mais avançada, principalmente as "pranchas" e barcos voadores, mas no geral, a única tecnologia são espingardas. [não disse? velho-oeste!]

E a história vai seguindo, um enredo sem complicação, quase simplório, mas extremamente agradável. Começa mostrando a conquista de confiança e entendimentos dos costumes, e depois o complicado romance do John Carter com a Princesa do título. O planeta em si me lembrou bastante a Marte do Stanley G. Weinbaum, ou mesmo Crônicas Marcianas do Bradbury. Mas principalmente o primeiro, pelas ruínas encontradas várias vezes ao longo do livro.

Podia falar mais dos acontecimentos, mas é legal ler sem ficar esperando "quando vai acontecer aquilo que eu sei que vai acontecer?", então paro por aqui de comentar a história. Eu mesmo, fora saber da existência e que um amigo odiou o filme barato feito sobre ele e sempre me mandou manter distância [não o filme ridículo de 2009, e sim um dos anos 80, que como não consegui agora descobrir qual era estou com a impressão de que o filme na verdade não tinha relação alguma com o livro, fora ser em Marte e ter uma princesa], nada mais sabia. Até esquecera que era o mesmo autor de Tarzan.

A história começa devagar e depois dá uma acelerada. Eu comecei a ler este livro fugindo de outro e no começo achei que a história estava enrolando. Mas quem começar e achar o mesmo, continue, toda a ambientação anterior serve para depois, no meio de história você já se sentir em casa. Foi a primeira coisa que li do Burroughs, não sei se esse é o estilo dele. Ou simplesmente estava tão a fim de ler algo bom (ao contrário do que eu estava lendo, resenha em breve) que talvez estivesse impaciente. É bem provável.
[atualização, terminei de ler o tal livro ruim que estava lendo, quem tiver curiosidade, resenha aqui]

John Carter é aquele herói de histórias antigas. Cavalheiro e mais forte e esperto que todo mundo. É uma espécie de Fantasma ou Flash Gordon. Mas os personagens secundários (uns 4) não chegam a ser sem profundidade alguma. Dá para gostar ou 'acreditar' em todos eles. E a Princesa foi surpreendentemente bem caracterizada; é uma dama da corte, mas geniosa e de opinião própria, não uma acéfala que fica dizendo "Ooohhh... meu herói!" que era meu medo pela época do livro.

Acho que não há planos da editora lançar todos os 11 livros do universo marciano do Burroughs ("Barsoom series", se alguém for atrás no Google). Creio que este livro só foi lançada porque na época do Avatar (mesma época do lançamento do livro), circulou que o livro fora a inspiração do James Cameron.
E as histórias se parecem um pouco mesmo. Se alguém se interessar mas quiser poupar, tanto este como algumas das continuações já estão em domínio público (em inglês, aqui), vocês podem baixar e ler gratuitamente que não será pirataria (lembrando que isso vale para o texto ORIGINAL, novas traduções não são o texto original, então piratear o livro da Aleph não está valendo, seu safado!).

Falei dos cavalos lá em cima, então falemos um pouco mais das aparências.
Uma coisa que eu nunca sou bom é com descrições. Quando eu li O Hobbit, o Tolkien começou o livro sem dar uma boa imagem e, com base no desenho desfocado da capa (da primeira edição da Martins Fontes), eu passei o livro inteiro os imaginando com uma aparência beirando os Muppets. Isso aconteceu com os ETs verdes do Princesa... Depois de alguns detalhes aqui e ali, que *não* me permitiram montar uma boa figura, desisti. Os marcianos na minha cabeça viraram J'onn J'onzz's de 4 braços. (para quem não liga o nome à pessoa, esse é o Ajax, da Liga da Justiça). Mas não usei a versão careca e musculosa, e sim a forma marciana original, mais magra e de cabeça bem pontuda. Só troquei os olhos também, da configuração humana para algo meio saltado e negro (tipo os ETs-cinzas-cabeçudos). E no meio do livro incluí 2 dentões, como de um tigre-de-dentes de sabre, mas apontando para cima.
E claro, coloquei tangas tipo Conan/He-Man em todos eles. Pela descrição do livro ficam todos peladões, mas bilaus de marcianos de 3 metros balançando para lá e pra cá não me interessavam nem um pouco.
Depois que eu terminei o livro, fui checar como eles se pareciam na Liga Extraordinária vol. 2, e até que a minha versão daria para enganar também.
A raça da princesa foi mais fácil, foi só pegar humanos e mudar a cor. Se bem que se você joga Dejah Thoris no Google, quase ninguém a fez na cor correta.

O Woola foi mais divertido. O meu ficou muito parecido com a versão que o Jon Favreau pretendia, mas com o desenho, e não a versão "final" de aparência pré-histórica. E o meu era peludo, como diz o livro. Mas a mesma cara meio engraçada e os olhos redondos no alto (tipo 'Caco, o Sapo' como o livro diz também).

Humm... Bem, é isso, eu fico querendo falar mais, fazer comentários inteligentes e perspicazes sobre a história, o escritor e contexto, mas uma hora acabam as idéias. Nem todo mundo nasceu para ganhar o Pulitzer como crítico literário. E o blog também não se chama "Resenhas literárias de um nerd sabido"... então tenho desculpa para ficar divagando sem rumo. E minha idéia também é só fazer recomendações falando um pouco do que eu achei e não resumir a história pela milésima vez como já reclamei em outro post. Quero que alguém na dúvida venha aqui e eu o ajude a decidir se lerá ou não, ou apenas esbarre no post e fique curioso. E claro, dar um pouco das minhas impressões (ao invés de apenas escrever "Nota X. Recomendo."), que é divertido e nem sempre existe a chance de ficar falando de cachorro-sapos peludos de 6 pernas. :-D

Eu recomendo e depois vou comprar as continuações. Mas vou esperar lançaram o filme de 2012 (John Carter of Mars), na esperança da editora se animar e lançar as continuações em português.


[ATUALIZAÇÃO 17/JULHO]: Já saiu o trailer do filme: Omelete / John Carter of Mars trailer 1. E sinceramente, achei uma bela m*. Vou ver o filme, claro, e provavelmente irei gostar, mas a roupitcha He-Man e a
Dejah Thoris parecer mais a De-Pé-Com-Punhos levemente bronzeada, incomodaram o suficiente. É provável que esteja de acordo com o pessoal tinha em mente na época que o livro saiu, como eu disse, o livro é basicamente um faroeste. Mas mesmo assim, não gostei muito. E na minha cabeça a sociedade marciana estava bem mais decadente do que as maravilhas tecnológicas que aparecem em cena. Mas é esperar para ver...

[ATUALIZAÇÕES 2012]:
1) O filme ficou bem legal.
2) Clique no marcador John Carter abaixo para resenhas dos demais livros da série.

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